5 Campo do conteúdo ou das definições
É o campo essencial dos dicionários semasiológicos, onde se estabelece a relação entre os significantes da língua e os seus significados. Eis aqui suas características neste dicionário. Semasiologia é a metodologia de caráter semântico que, partindo do signo lingüístico, analisa o seu significado.]
5.1 O texto de cada
definição se inicia por letra minúscula e se encerra sem
ponto final.
5.1.1 Exceção a essa disposição ocorre no
caso de informação enciclopédica aposta, dentro de colchetes,
ao texto de uma definição. (Ver, no exemplo abaixo, o segmento
em outra cor, recurso aqui usado para torná-lo mais visível.)
Tal extensão inicia-se por letra maiúscula e finda com um ponto
final, expediente empregado para delimitar claramente o que foi considerado
definição e o que é acréscimo enciclopédico
(ver também 5.3.3, à frente):
5.2 No caso de o
verbete contar com mais de uma acepção, cada uma delas vem sempre
antecedida de um numeral em negrito.
5.2.1 Quando se trata de acepções restritivas que se seguem
a acepções de sentido mais geral, ou no caso de acepções
com diversos subitens a elas referentes, o dicionário emprega uma subnumeração
(p.ex., 1.1) e, em casos menos comuns, lança mão de mais
divisões decimais, sempre em negrito (p.ex. 1.1.1):
5.3 Este dicionário
não abona com textos literários as acepções que
registra - recurso que mais que dobraria o volume alcançado pela obra.
Vale, contudo, por tal abonação o fato de datar pelo menos o primeiro
sentido dos verbetes, uma vez que junto à datação se registra
a fonte dessa informação, deixando-se apenas de transcrevê-la.
Os redatores fornecem, por outro lado, exemplos de uso das palavras, locuções
e regências registradas, freqüentemente inspirados em abonações
colhidas em livros, jornais, revistas, catálogos, comunicações
etc.
5.3.1 O texto de tais exemplos vem em itálico, entre parênteses
angulares (< >), sem ponto final, e não utiliza letras maiúsculas,
exceto nos casos em que isto seja exigido pela norma da língua (por exemplo,
nos nomes próprios):
5.3.1.1 Por vezes, é necessário marcar realces dentro do texto desses exemplos de uso. Um caso disto ocorre quando há uma palavra de outra língua integrada na frase. Por exemplo: tiramos a fotografia com um flash. Outro é atrair a atenção para determinada palavra ou grupo de palavras da frase, como no caso de "calorosamente", "caloroso" e "calor" no texto abaixo:
5.3.2 Nos exemplos fornecidos, a unidade léxica que é entrada do verbete reduz-se à sua primeira letra, seguida de um ponto, mesmo no caso de tratar-se de palavra composta por hífen:
5.3.2.1 Essa prática de redução deixou de ser empregada
no dicionário sempre que seu uso veio criar incompreensão ou ambigüidade
na frase do exemplo. Também quando a intenção do lexicógrafo
foi clarificar determinada questão ou comprovar determinado uso da palavra
(caso, por exemplo, dos determinantes específicos, apositivos
e palavras de dois gêneros e dois números). Quanto aos verbetes
de verbos, a regra de abreviar, nos exemplos, a palavra da entrada com um ponto
só foi usada quando o verbo estava no infinitivo impessoal:
5.3.2.2 No caso de vocábulos de apenas duas letras (como, por
exemplo, se, me, só), obviamente não se abreviou
a palavra da entrada nos exemplos:
5.3.3 Como está dito em 5.1.1, o enunciado das significações de algumas unidades léxicas, especialmente em verbetes terminológicos (botânica, zoologia, filosofia, religião etc.), por vezes desborda para além do que significa estritamente a palavra, passando a informar sobre a coisa de que se fala - vale dizer, acrescentam-se a esse texto dados não propriamente da definição típica de dicionários de língua geral, mas sim breves informações de ordem enciclopédica. Em tais casos, usam-se colchetes para delimitar a área em que tais informações são prestadas:
5.4 A ordem de
sucessão das acepções parte, tanto quanto possível,
daquelas de datação mais recuada para as mais recentes, embora,
por exemplo, a regra da preferência pela derivação imediata
ou a derivação semântica possam alterar tal disposição.
5.4.1 Idealmente, um primeiro grupo de acepções, organizado
segundo a diretiva cronológica, contém todos os sentidos da unidade
léxica analisada de nível 'neutro' (as não rubricadas,
que fazem parte da língua mais geral ou da culta, literária).
A ele se segue um segundo grupo que engloba todas as acepções
rubricadas, na ordem de alfabetação de suas rubricas (HIST
depois de GEO e antes de MAT, por
exemplo). Este segundo grupo não leva em consideração a
organização por data.
5.4.2 As rubricas correspondem ao campo do saber ou do fazer humano
em que se utiliza aquela acepção da palavra definida. Apenas as
rubricas são alfabetáveis para a organização de
acepções dentro do verbete; as demais informações
de tipo derivação semântica,
nível de uso, estatística de emprego etc. não
se levaram em conta para tal ordenação.
5.4.3 Uma acepção, quando ligada por derivação
semântica a outra, mas afastada desta na organização do
verbete, faz-lhe referência com uma remissão. Observe, a seguir,
as acepções 7 de coco,
3 de borrão e de 3 a 5 de borrasca:
5.4.4 Além
da seqüência cronológica referida em 5.4, outros critérios
podem nortear a ordenação das acepções:
a) Os sentidos figurados (metáfora, metonímia, sinédoque),
os por analogia, os por extensão e os hiperbólicos que fizerem
parte do primeiro grupo (ou seja, das acepções não rubricadas)
vêm em geral imediatamente após as acepções de que
derivam, ou num grupo reunido antes das acepções rubricadas.
b) Os regionalismos (incluídos neste caso os brasileirismos, lusismos
etc.), os vocábulos da linguagem informal (gíria, coloquialismos,
linguagem familiar, linguagem infantil); os que são apanágio da
linguagem de criminosos, drogados e marginais, e os tabuísmos (palavras
que por convenção têm uso considerado pesadamente grosseiro
ou ofensivo - os palavrões) aparecem nesta ordem, no fim do primeiro
grupo (depois das citadas no item anterior e também antes de se iniciar
o grupo das acepções rubricadas).
5.5 Elementos
mórficos - Na esteira da tendência da lexicografia contemporânea
de levantar e registrar a história e o desenvolvimento dos morfemas da
língua usados como formantes de palavras, este dicionário aprofundou
o seu estudo no português, do que resultaram 13.095 verbetes específicos,
alguns extensos, providos de exemplários exemplificativos ou exaustivos
que interligam dezenas ou centenas de palavras de raiz comum. As etimologias
das unidades léxicas definidas no dicionário remetem, como informação
suplementar, para tais formantes, a fim de que o leitor tenha uma visão
abarcante da família de palavras a que a unidade léxica que consulta
pertence, tendo acesso, então, à história e pormenorização
do elemento mórfico que lhe serve de base.
5.5.1 Os elementos formadores do vocabulário da língua
são de tipos vários: prefixos, sufixos, infixos (vogais de ligação
e consoantes de ligação), grafemas, desinências e os que,
não incluídos nessas categorias, são classificados simplesmente
de elementos de composição antepositivos, interpositivos e pospositivos.
Exemplos:
5.5.2 Além destes, há ainda no dicionário verbetes de terminações. As entradas de partículas verbais classificadas como term. (terminação) neste dicionário escapam à definição canônica do termo, tendo sido estabelecidas após a verificação dos paradigmas em torno dos quais se grupam, com o fito de possibilitar a identificação dos padrões de alteração gráficos, históricos, semânticos e/ou morfológicos ocorridos em cada grupo citado. Trata-se de partículas originalmente sem significado próprio e por vezes tomadas como sufixo. Em tais verbetes, esclarecem-se também particularidades de conjugação:
5.6 Mesmo os vocábulos que não se empregam a não ser em determinada ou determinadas locuções ganharam uma definição no dicionário. No campo do uso dessas entradas, indica-se: "empregado apenas nesta loc."
Raríssimos casos no dicionário foram tratados como exceção
dessa prática (por exemplo, o verbete aste, por funcionar tal
palavra mais como uma rima de uste na frase em que é empregada).
5.7 Não é fornecida a classificação gramatical das locuções que se encontram embutidas nos verbetes (ver o exemplo de ninho, a seguir); a classe gramatical das locuções estrangeiras, porém, sempre consta do texto, por se tratar de verbetes de entrada autônoma na nominata do dicionário:
5.7.1 No caso das definições de fraseologia (longos sintagmas, frases feitas, provérbios etc.), o dicionário registra-as geralmente com a qualificação de fraseol.:
[Ver também o item 42]
5.8 As informações que desbordam do núcleo das definições, mas são necessárias para delimitar o âmbito do adjetivo (o chamado enunciado suplementar), vêm entre parênteses, para esclarecer ao leitor que se trata de explicação à parte sobre o uso da palavra:
Outro exemplo, este, no caso do sujeito dos verbos:
Nota: O mesmo ocorre em caso de adjetivos grupados com substantivos,
na mesma acepção, também com advérbios (ver ab
absurdo acima).